quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


    Pra comemorar os 10 ANOS da novela AMÉRICA, que serão completados em março desse ano (2015), temos a honra de entrevistar com exclusividade a autora GLÓRIA PEREZ, que também é autora de outro sucesso, O CLONE. E ambas protagonizadas pelo nosso Murilo Benício.

FC - 
Você já disse em entrevista que a ideia inicial para o tema central da novela (imigração ilegal) foi durante uma viajem aos EUA. Mas como surgiu a ideia de abordar o universo dos rodeios ? Você sofreu criticas das pessoas que são contra essa pratica ?
GP - O
 tema de América é o sonho americano. A força do sonho americano, que Hollywood vendeu para o mundo, mostrando os EUA como o lugar onde todos podem ascender e se dar bem. Nessa esperança, as pessoas correm riscos inacreditáveis para tentar entrar ilegalmente, atravessando a fronteira, como foi mostrado em América. Para fazer contraponto com isso, eu tinha que localizar a história em algum espaço muito tipicamente brasileiro, por isso optei pelo universo dos peões.

FC
Nesse mesmo núcleo, você deu enfoque também ao espiritismo, além das devoções em Nossa Senhora Aparecida e de Guadalupe. E notamos que em suas novelas, sempre tem alguma religião em destaque. Isso é um tema que gosta de ter em suas tramas ou apenas coincidências ?
GP - 
Pura coincidência nunca escrevi uma novela pensando em religião. Em América, a devoção a NS Aparecida é muito importante no mundo dos peões. E a cena em que Tião “morre” e volta, foi inspirada num caso real: o peão que o touro Bandido jogou a 6 metros de altura.

FC - 
Muito antes de Niko e Felix, Clara e Marina, você escreveu e foi gravado a cena em que Junior (Bruno Gagliasso) beijava Zeca (Eron Cordeiro). Você ficou frustrada de não ter ido ao ar e anos depois duas novelas seguidas terem tido sem menores problemas, as cenas de um beijo gay transmitidas ? O que acha sobre isso ?
GP - 
Na época é claro que fiquei frustrada. Nesses dez anos as coisas mudaram muito, e fico contente que a quebra desse tabu faça parte dessa mudança. Vibrei e aplaudi quando Walcyr conseguiu, finalmente, mostrar o beijo gay numa novela.

FC - 
Cleptomania também foi um assunto abordado, e brilhantemente interpretado pela Christiane Torloni. E ajudou muitas pessoas a conhecerem mais sobre esse distúrbio. Como foi o processo de pesquisa sobre esse assunto ?
GP -
F
aço pesquisa de campo. Conversei com muitas pessoas que tinham esse problema, seus familiares, psicólogos e atendentes de lojas. São eles que vivem a situação constrangedora de ter que resolver o assunto, diretamente com a pessoa que tem o transtorno, ou com sua família.

FC
Os métodos que a personagem Sol (Deborah Secco) se submetia ao tentar as travessias ilegais, foi inspirado em fato que você ouviu/leu/pesquisou sobre os imigrantes ?GP - Fiz uma pesquisa muito ampla com imigrantes. Visitei a prisão onde eles ficam, conversei com a policia, com a embaixada dos EUA, estive visitando a fronteira, e até voltei para o Brasil num avião junto com os deportados. Para escrever América convivi com muitos imigrantes ilegais, os que chegaram nos EUA pela fronteira e os que vieram de Cuba, através do mar. América conta a história deles. Algumas daquelas cenas são absolutamente reais, como a moça que é picada pela cobra durante a travessia e lhe dão o tiro de misericórdia. O dramático é que mesmo passando por todos os riscos, as pessoas continuam tentando -os deportados costumam voltar 2, 3, quantas vezes for possível, para tentar de novo.

FC - 
Em América, o mocinho não termina num "happy end" com a mocinha. Isso foi uma escolha sua e já estava pré determinado ? Foi no decorrer da novela por conta da estória ? Ou você presta atenção naquilo que o público gosta mais pra definir os finais de suas novelas ?
GP -
F
oi planejado. A vida é assim, o amor é assim: a gente sonha, imagina, enfrenta mil obstáculos para que tudo dê certo e, no final a vida surpreende e você vê que não era nada daquilo. Acho interessante mostrar isso em novelas.

FC - 
Murilo já protagonizou 2 novelas sua seguidas. A atuação dele em O Clone te influenciou para a escolha dele em América ?
GP - 
Murilo é aquele ator que você quer sempre! um privilégio trabalhar com ele!

Nill Oliver - Salvador (BA)
 Glória em 1º lugar agradece-la por suas obras inesquecíveis, e gostaria de saber se você tem planos de fazer outra novela e ter o Murilo Benício no elenco ? 
GP - M
as é logico!  é um privilégio trabalhar com o Murilo. E se desde América não nos reencontramos não foi por falta de vontade -ele sempre estava escalado para outro produto!

Juliana De Menezes Oliveira - Salvador (BA) 
O que fez abordar o tema "trafico ilegal e escravização de garotas no exterior" em Salve Jorge ?
GP - A
 percepção de que ninguém estava olhando para esse drama, quando haviam milhares de brasileiros vivendo como escravos no exterior. Ao mostrar a maneira como é feita a aliciação de pessoas e o trafico dos bebes, Salve Jorge impediu muita gente de cair na armadilha!

Fabio Trindade - São Caetano (SP) 
Glória, como foi a parceria com a Telemundo para fazer um remake de O Clone ? Você ficou satisfeita com o resultado ?
GP - 
O Clone (o nosso Clone) é um fenômeno aí pelo mundo. Referencia de novela para todos os executivos do ramo. O Clone americano é conseqüência disso. Entao fiquei muito orgulhosa de que tenha sido feita. 
Eles nao mudaram essencialmente nada na historia central. Mas, é claro que prefiro a nossa versão: Jade e Lucas (Giovanna e Murilo) made in Brazil são imbativeis!

FICOU BACANA NÉ !? OBRIGADO GLÓRIA !!!! 

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